FÁTIMA BEZERRA: “CONVERSAS SOBRE 2022 ESTÃO SENDO CONDUZIDAS POR RAIMUNDO ALVES”
A primeira coluna Daniela Freire impressa de 2022 traz uma entrevista com a governadora Fátima Bezerra. O trabalho da sua gestão na pandemia de covid-19 e as costuras para as eleições de 2022 foram os principais temas abordados.
Governadora, 2021 foi um ano em que o RN conseguiu o controle da pandemia de covid-19 e a retomada das atividades econômicas, em um processo lento e carregado de politização e negacionismo e de divergências com a gestão da capital. Como a senhora se auto avalia na condução do Estado nesse período?
Fátima Bezerra – O RN tomou as medidas necessárias naquele momento e continua no diálogo permanente, compromisso, dedicação e seriedade. Nada disso faltou. Sempre respeitando a ciência e com o acompanhamento em tempo real dos órgãos de controle. Agimos em diversas frente. Instituímos desde o princípio uma Força Tarefa com participação de secretarias de governo, para auxiliar o secretário de Saúde, Cipriano Maia, na implantação e no monitoramento das medidas. Instituímos o Comitê de Especialistas do Estado que nos alicerçava em todas as decisões do ponto de vista das medidas sanitárias. Atuamos com responsabilidade sempre dialogando com os Poderes, especialmente os Ministérios Públicos, Prefeituras, setores produtivo e dos trabalhadores, enfim, com toda a sociedade civil, antes e depois de cada uma das medidas tomadas. Estabelecemos uma dinâmica de reuniões periódicas com os chefes de Poderes. O “Pacto pela Vida”, iniciativa do nosso Governo, instituiu reuniões e ações periódicas nas cidades do RN e trouxe a participação da quase totalidade dos gestores municipais, prefeitos e secretários e secretárias de saúde para ações conjuntas, etc. Nossas medidas sociais, como o RN Chega Junto, RN acolhe, o RN mais protegido, entre outros, foram determinantes para amenizar o sofrimento sobretudo da população mais vulnerável. No campo da infraestrutura hospitalar implantamos mais de 800 leitos regionalizados em todo o estado, o que nos trouxe um grande legado com a regionalização na área da Saúde. Estivemos na linha de frente na luta pela chegada da vacina. Então foi todo um conjunto de ações que hoje nos coloca numa situação, ainda que em acompanhamento permanente, de controle da pandemia. Infelizmente ainda temos que enfrentar o negacionismo e a politização, mas nós do Governo e os abnegados profissionais da Saúde que estiveram firmes conosco durante todo esse período podemos bater no peito e dizer: fizemos o possível e o impossível para salvar vidas. E faríamos tudo de novo.
As eleições de 2022 estão logo ali e a senhora aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas divulgadas até agora, mostrando que as chances de reeleição são reais. Nesse cenário, as importantes vagas de vice e de candidato a senador ainda estão indefinidas. Quando a senhora acredita que iniciará com força as articulações para a disputa eleitoral do ano que vem? A senhora tem se aconselhado com alguém sobre o assunto?
Fátima Bezerra – Olha, eu sempre digo que sou muito grata e tenho um profundo carinho pelo povo do Rio Grande do Norte, esse estado que me acolheu ainda adolescente há quase 50 anos. De vida pública lá se vão quatro décadas como professora, sindicalista, parlamentar e agora governadora. Podia muito bem ter ficado no Parlamento, onde exerci um papel importante também, sem falsa modéstia. Atualmente eu estou focada na gestão estadual. Sabia que ia pegar um estado destruído, evidente que não passava pela nossa cabeça que além do descontrole, desequilíbrio fiscal, financeiro e orçamentário ainda enfrentaríamos uma pandemia devastadora no meio do caminho. Mas encarei e encaro isso como uma missão que, em primeiro lugar Deus e o povo potiguar me confiaram. E afirmo e reafirmo: se diante de tantos desafios e dificuldades, estamos arrumando a casa, respeitando os servidores, dando prioridade às políticas sociais, implementando políticas públicas recuperando a capacidade de investimento do RN, trazendo a esperança, resgatando a autoestima do povo potiguar, afirmo com toda legitimidade, motivação e confiança que podemos e vamos fazer muito mais.
Minha relação com o povo potiguar foi sempre pautada pelo respeito, seriedade, pela honradez. Vai ser assim até o resto dos meus dias, então a demonstração de confiança que essas pessoas têm para comigo, seja acreditando e incentivando nosso Governo, seja nas pesquisas eleitorais, me estimulam cada dia mais. Eu acredito no julgamento da sociedade que deverá ser expressado nas urnas através do voto do eleitor e as pesquisas até agora divulgadas mostram que estamos no caminho certo. Estamos reconstruindo o RN e meu tempo é todo voltado para isso. Por enquanto, repito, temos focado na gestão. Embora, é evidente, que existem conversas com partidos e lideranças políticas, que até o momento estão sendo conduzidas pelo chefe do Gabinete Civil com o acompanhamento da governadora. Agora uma coisa é certa: as composições locais passam pelos entendimentos nacionais. O presidente Lula está conduzindo pessoalmente esse projeto nacional e nós estamos em diálogo permanente. Eu entendo que devemos conversar com todos e todas que concordem com as mudanças implementadas e com o projeto de recuperação e até de reconstrução do Estado e das políticas públicas que estamos implantando no RN. No momento certo todos esses partidos e agentes políticos serão ouvidos e terão oportunidade de opinar quanto aos nomes que serão apresentados para as disputas majoritárias e proporcionais.
Enquanto isso, líderes de diversos partidos, como MDB, de Garibaldi e Walter Alves, e o PDT, do ex-prefeito Carlos Eduardo, estão cortejando a sua chapa, o que tem gerado insatisfação em setores do próprio PT. Como tem administrado essa questão política interna e ao mesmo tempo conciliado a gestão do Estado?
Fátima Bezerra – Como já falei eu não tenho participado diretamente das conversas, mas encaro isso como um reforço da democracia. O MDB é um partido de grande capilaridade no RN e muito importante para qualquer projeto político de disputa eleitoral. O PDT tem uma história na construção da democracia nesse país e uma origem popular de centro-esquerda. Negar isso é negar o óbvio. As disputas políticas que levaram a posições equivocadas em algum momento da vida política, seja de um partido ou de uma liderança política, não nos dá o direito de não nos esforçarmos a trazer de volta ao caminho da democracia. Fazemos política para mudar a vida das pessoas que precisam de políticas públicas e para isso precisamos ganhar o debate e as disputas eleitorais e, portanto, de alianças políticas. Quanto ao debate interno no PT, só se espanta com isso quem não nos conhece. O PT tem uma grande tradição que é o “debate à exaustão e unidade na ação”. O partido fará o debate na intensidade das posições e até das paixões, mas superada essa fase, marchará unido para o embate eleitoral que vai se dar com o bolsonarismo. Até porque a disputa no plano regional não está desvinculada do projeto nacional. O presidente Lula tem defendido essa frente mais ampla para que possamos tirar o Brasil desse pesadelo e retomarmos o caminho do desenvolvimento nacional, com geração de emprego, distribuição de renda, justiça e inclusão social. Não dá mais, o Brasil não aguenta mais. E o RN, volto a dizer, está inserido nesse projeto nacional.
A senhora já pode precisar a data exata em que todos os atrasados dos servidores do estado serão pagos, podendo ser afirmado que o governo não deve mais nenhum valor decorrente dessas folhas não quitadas? Se sim, qual é a data?
Fátima Bezerra – Nós pegamos quatro folhas salariais em atraso, totalizando quase um bilhão de reais. Mas não só isso: haviam dívidas com fornecedores, caos na saúde, na segurança, um estado completamente arrasado. Havia três milhões em caixa e o fundo previdenciário estava vazio. Era o cenário do caos. Assumimos o governo com o enorme desafio de virarmos essa página. No início contávamos moedas para pagar os salários dos servidores dentro do mês. Estamos entrando no terceiro ano de Governo e graças a Deus, ao trabalhando incessante da nossa equipe, com responsabilidade e muita seriedade, não só nunca atrasamos salários como já pagamos três das quatro folhas herdadas e iremos começar a pagar a última agora em janeiro, quando vamos quitar a primeira parcela e duas outras em março de maio de 2022. Agora em janeiro vamos anunciar o calendário de pagamento de 2022. Além disso, conseguimos promover melhorias salariais, como por exemplo a reestruturação de carreiras dos serviços essenciais – saúde, segurança e educação – assegurando direitos que estavam represados em alguns casos há mais de dez anos. Agora mesmo, recentemente, fizemos uma recomposição salarial de 15% para 13 categorias do funcionalismo público. Mas não focamos somente em folha de pagamento. O Rio Grande do Norte voltou a crescer e graças às medidas fiscais que tomamos é hoje um estado que voltou a ser atrativo para se investir. E é também um estado que voltou a olhar para o social e para a vida das pessoas. Aí quando me perguntam se é milagre eu digo que não, é gestão, é compromisso, seriedade e muito trabalho.
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