Assaltos com explosões em agências bancárias caem pela metade de 2020 para 2021

Segundo delegado Erik Gomes, titular da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) números estão em queda desde 2016

por: NOVO Notícias

Publicado 3 de janeiro de 2022 às 16:30

Ação integrada das forças de segurança do RN tem diminuído casos – Foto: Humberto Sales/Novo

A Secretaria de Segurança e Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed) divulgou levantamento com números sobre assaltos a agências bancárias com uso de explosivos. Os dados apontam uma queda de 50% no número de ataques, de oito em 2020, para quatro este ano.

Ano passado, foram registrados um assalto em Umarizal, em janeiro; dois em São Gonçalo do Amarante, e dois em Campo Grande, em fevereiro; um em Antônio Martins, em abril; e dois em São Paulo do Potengi, em outubro. Foram assaltadas agências do Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica Federal.

Este ano, foram assaltadas agências em São Gonçalo do Amarante, uma em fevereiro; São Tomé, uma em março; mais uma em São Gonçalo do Amarante, em novembro; e uma em Ceará-Mirim, em dezembro. As agências assaltadas foram do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste.

O ataque em Ceará-Mirim ocorreu por volta das 2h do último dia 20. Além de explodirem a agência do Banco do Nordeste, os bandidos também metralharam o pelotão da Polícia Militar, que foi cercado enquanto outra parte do bando arrombava a agência bancária.

A quadrilha teria usado quatro veículos do tipo 4 x 4, realizando o assalto em vinte minutos, e fugindo em seguida – segundo informações repassadas pela polícia -, numa ação semelhante às executadas pelos grupos do chamado “novo cangaço”.

Deicor contabiliza êxitos

A atribuição de combater, investigar e reprimir esse tipo de infração penal é da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), que atua em todo o Rio Grande do Norte. Segundo o delegado Erick Gomes, diretor da divisão, ano após ano, sua equipe vem reduzindo gradativamente essa modalidade de ação no estado, mesmo sem incremento há anos em efetivo. Atualmente, a Deicor conta com 35 homens agindo no combate ao crime organizado.

“Os números caem desde 2016. Alguns grupos possuem ramificações e atuam em forma de consórcio para uma dada ação. Normalmente vêm bandidos da Paraíba, Pernambuco, Bahia, Ceará e Goiás, quando a ação de fato é Novo Cangaço – domínio de cidades”, diz Erick Gomes.

O delegado comenta a atuação da Deicor nos três casos de explosões a agências bancárias registrados este ano nos meses de fevereiro, em São Gonçalo do Amarante; março, em São Tomé; e em novembro, novamente em São Gonçalo, todas com uso de explosivos. E também sobre a investigação sobre o assalto ao BNB de Ceará-Mirim.

De acordo com delegado Erick Gomes, no primeiro caso foram presos 11 dos 13 bandidos envolvidos. Do segundo assalto, alguns ainda se encontram foragidos. E o terceiro caso ainda está no início das investigações. “Nossa eficiência investigativa é acima de 90%; e o índice de elucidação é um dos maiores do nosso país.”

Novo cangaço e apreensão de armas

De uns anos para cá, registros de grandes assaltos a banco, realizados por grandes quadrilhas, tomaram os noticiários. Agindo de forma agressiva, os bandidos explodiam agências, isolavam cidades e faziam reféns. A esse tipo de ação criminosa foi dado o nome de “novo cangaço”. O delegado Erick Gomes acredita que dos assaltos a bancos registrados este ano no Rio Grande do Norte, apenas o primeiro foi executado por quadrilhas dessa modalidade, porém sem estrutura e de forma amadora.

O titular da Deicor informa ainda que na segunda ação, cinco bandidos utilizaram uma bomba artesanal para explodir os caixas eletrônicos da agência do Banco do Nordeste, em fevereiro deste ano, em São Gonçalo do Amarante.

“Na última ação do ano, só atacaram uma agência que não movimenta muito. Deixaram três bancos com um fluxo elevado e não sitiaram a cidade como é a regra. Também não foi domínio de cidades, mas sim uns oito bandidos afoitos. O cangaço normalmente são acima de vinte integrantes nas ações”, compara Erick Gomes.

Ele informa que há 27 meses não há ações criminosas contra carros-fortes, o que considera um excelente dado. “Porque eles subtraem cerca de um ou dois milhões em cinco minutos. Prendemos toda a liderança de facções no estado nesses anos”, diz Erick Gomes.

Outro dado importante apontado por ele é a integração das forças de segurança sob coordenação da Sesed, com a apreensão de 22 fuzis em dois anos e meio, sendo nove só em 2021. A maioria dessas armas não foi utilizada no Rio Grande do Norte, ficando apenas guardadas pelos bandidos no estado.

Também foi apreendida uma metralhadora 0.30 e um fuzil 0.50, ambas armas de guerra, além de meia tonelada de drogas e centenas de artefatos explosivos, como informa o diretor da Deicor.

Tags