Cigarros eletrônicos podem causar câncer de pulmão entre outras doenças respiratórias

Doença pulmonar diagnosticada no cantor sertanejo Zé Neto, adepto do Vape, ligou alerta sobre disseminação do uso desse tipo de dispositivo para fumar e para as substâncias químicas presentes em sua composição

por: NOVO Notícias

Publicado 3 de janeiro de 2022 às 16:30

Resolução da Anvisa proíbe venda e propaganda dos vapers – Foto: Dayvissom Melo/Novo Notícias

Nos últimos dias o país tem acompanhado as notícias sobre o estado de saúde do cantor sertanejo Zé Neto, dupla de Cristiano. O artista foi diagnosticado com candidíase oral após fazer uso de medicamentos com corticoide para tratar problemas de pulmão causados pela Covid-19 e pelo uso de cigarros eletrônicos.

O acontecimento ligou um alerta sobre a disseminação no uso do Vape, como é conhecido o cigarro eletrônico, entre jovens e adolescentes no Brasil. O uso desse tipo de objeto tem se tornado cada vez mais comum entre os mais jovens com o marketing feito através das redes sociais por famosos e digital influencers.

No Brasil, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda, a importação e a propaganda dos dispositivos eletrônicos destinados ao fumo. A resolução foi criada com o apoio de médicos e especialistas com os argumentos de que o Vape possui uma grande quantidade de substâncias, que inclui uma quantidade considerável de nicotina, o que aumenta os riscos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e impotência – além das doenças pulmonares, que através de uma inflação aguda conduz uma alteração no órgão conhecida como ‘vidro fosco’.

Além disso, uma pesquisa feita pelas universidades da Califórnia e Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que os usuários desse tipo de dispositivo têm até sete vezes mais chances de contrair a Covid-19. O risco de câncer de pulmão também é real.

Por causa do número de mortes e doenças causadas entre os norte-americanos, o país classificou o Vape como epidemia. Só no ano de 2019 foram mais de 2.500 internações e 50 mortes de usuários em função de problemas pulmonares.

Em maio deste ano, um estudo feito por pesquisadores da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) constatou que muitas pessoas que nunca tinham fumado antes começaram a fumar o cigarro eletrônico e, de uma hora pra outra, passaram a experimentar e fazer uso contínuo do cigarro comum, o que foge da proposta inicial do instrumento eletrônico criado na China há mais de 20 anos com a promessa de ser uma ferramenta menos danosa para ajudar as pessoas a pararem de fumar.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica já divulgou nota afirmando que o risco de fumantes de cigarro eletrônico desenvolverem câncer de pulmão é igual aos que fumam cigarros convencionais, uma vez que os Vapers possuem várias substâncias cancerígenas em sua composição, como informa a médica oncologista Danielli Matias.

“Segundo o INCA, os dispositivos eletrônicos para fumar não são seguros e possuem substâncias tóxicas além da nicotina. Mesmo com nova embalagem, as “vaporizadas” a longo prazo podem causar diferentes processos inflamatórios, prejudicando os mecanismos de defesa do organismo e tornando as pessoas mais propensas a infecções respiratórias”, alerta a médica.

O NOVO Notícias conversou com a oncologistas sobre os riscos dos cigarros eletrônicos. Confira trechos do bate-papo:

ENTREVISTA / Danielli Matias, oncologista

NOVO – Qual a diferença nesse sentido se comparado com o cigarro tradicional?
A principal diferença entre os dois cigarros está no modo de funcionamento, que também determina as substâncias que acabam absorvidas pelo fumante. O cigarro comum funciona à combustão. Quando ocorre a queima do fumo, ele solta substâncias que são inaladas na fumaça e absorvidas pelo organismo do fumante – e das pessoas próximas a ele. Entre as substâncias do cigarro, as três mais famosas são: nicotina, alcatrão e a monóxido de carbono. A principal particularidade do cigarro eletrônico é que ele funciona com baterias e sem a necessidade da queima. É uma espécie de dispositivo “vaporizador” de aromas, sabores e outros produtos químicos: álcool, glicerina e, na maioria deles, nicotina. Esses produtos são eletrônicos e têm um reservatório de líquido que precisa ser reabastecido esporadicamente. Também têm uma fonte de energia, geralmente uma bateria, e uma ponta aberta por onde o fumante inala o vapor. o cigarro eletrônico tem, de fato, menos substâncias tóxicas, mas “está longe de ser seguro.

NOVO – Quais substâncias podem ser danosas nesse tipo de cigarro e com quanto tempo pode O usuário desenvolver um câncer?
O cigarro eletrônico contém um líquido que, ao ser aquecido, gera o vapor aspirado e exalado pelo usuário. O cartucho armazena nicotina líquida, água, aromatizantes e substâncias químicas que conduzem a nicotina até o pulmão. A dosagem de nicotina varia de acordo com o fabricante: a mais baixa equivale a seis cigarros comuns, enquanto a mais alta, a 18. Esse processo não torna o dispositivo eletrônico menos tóxico que o cigarro à combustão. Diversos estudos científicos já demonstraram que o nível de toxicidade pulmonar pode ser tão prejudicial quanto o do cigarro tradicional, já que os cigarros eletrônicos combinam várias substâncias tóxicas como a nicotina em seu líquido a ser vaporizado. Em relação ao tempo não se tem essa precisão.

Tags