Após a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a próxima etapa rumo à aprovação em uma instituição de ensino superior pública é inscrever-se no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em até duas opções de curso. Mas qual curso ou profissão escolher? Especialistas ressaltam a importância de uma escolha assertiva e congruente com o perfil pessoal. Para auxiliar nisso, existe o trabalho de orientação vocacional.
A atuação consiste em um conjunto de técnicas que visam à identificação de características individuais, como habilidades, potencialidades, formas de agir/reagir, desejos e possibilidades, que devem estar alinhados com o perfil profissional. Em Natal, a Orientar – Avaliação Psicológica Vocacional oferece aos jovens e suas famílias a oportunidade de melhor identificar as potencialidades.
A avaliação pode ser individual ou em grupo. Nela, são usadas estratégias que visam ao autoconhecimento, informações sobre áreas, cursos, mercado de trabalho e seus perfis, aliando tudo à testagem psicológica e direcionamentos clínicos, recursos que são restritos ao psicólogo. O trabalho possibilita que se possa refletir e identificar qual seria a profissão mais adequada ao seu perfil.
Renata Brito, psicóloga especialista em Avaliação Psicológica, Educação Inclusiva e Especial e Neuropsicologia, encarrega-se da investigação das características de personalidade, além dos interesses e habilidades profissionais por meio da testagem psicológica. “Escolher a profissão pode ser grande causador de ansiedade e conflitos, especialmente quando se é jovem, o caminho pela frente é desconhecido e há muitos caminhos diferentes que podem ser seguidos. Por isso, surgem as dúvidas. Para esse momento, a orientação vocacional se revela uma excelente aliada”, explica.
Para ela, o formato do Enem dificulta uma escolha saudável e assertiva, já que há uma permissão para escolher qualquer curso e modificar a escolha a partir da nota final. “O fato de os alunos precisarem estudar muito sobre tudo também se revela um obstáculo à identificação daqueles conteúdos pelos quais mais se interessam ou possuem afinidades. Esses aspectos, aliados a outros aspectos emocionais próprios da adolescência, resultam em muito conflito frente à escolha profissional”, comenta Renata.
Já Katiuce Gurgel, psicóloga especialista em Gestão e Organização Escolar, é a responsável pelo cuidado clínico das necessidades e características de personalidade de cada jovem. Segundo ela, a orientação vocacional sempre fez parte das suas vivências, tanto na clínica quanto nas escolas. Ela conta que o objetivo é, ao fim do processo, colocar na balança o perfil pessoal e o perfil de cada curso. Assim, o jovem estará mais maduro para poder escolher mais assertivamente o caminho que trilhará.
Àqueles que estão hesitando acerca de qual caminho seguir, Katiuce aconselha encontrar um tempo para olhar para si e analisar as habilidades, dificuldades e a trajetória escolar, com as identificações de conteúdo. Além disso, é essencial pesquisar sobre cursos, instituições de ensino superior, profissões e mercado de trabalho. “Conversar com pessoas que possam oferecer informações sobre as mais variadas áreas a serem seguidas também se revela importante, assim como o apoio da família”, diz a psicóloga, ressaltando que, em muitos casos, o ideal é buscar ajuda profissional.
Novo Ensino Médio
O Novo Ensino Médio é um modelo de aprendizagem por áreas de conhecimento que permitirá ao jovem optar por uma formação técnica e profissionalizante. Ao fim do período, o aluno receberá, além do certificado regular, o certificado do curso técnico ou profissionalizante que cursou.
Para a psicóloga Katiuce Gurgel, a preocupação com o Enem após a conclusão do Ensino Médio, será precedida, agora, pela apreensão referente ao novo sistema adotado pelas instituições educativas na última etapa da educação escolar.
Segundo ela, os jovens terão uma antecipação do conflito que geralmente aparece da 2ª para a 3ª série. “Isso surgirá já no 9º ano. Dependendo de como a escola se organizará, o estudante tenderá a escolher a área em que seguirá de maneira muito antecipada, de forma precipitada, o que pode ser prejudicial e difícil, além de reforçar a importância da orientação vocacional para auxiliar os estudantes que apresentem hesitação na escolha do caminho que irá traçar ainda no Ensino Médio”, conclui a psicóloga.
Previsto em uma lei aprovada em 2017, o sistema começa a ser implementado em 2022, em todo o país, nas escolas públicas e privadas. As mudanças começarão pela 1ª série dessa etapa de ensino. A principal mudança é que os alunos terão que cumprir os chamados itinerários formativos, que podem começar a ser ofertados em 2022, mas só serão obrigatórios a partir de 2023. Além disso, os estudantes terão que dedicar mais horas ao Ensino Médio, as quatro horas diárias atuais passam para, no mínimo, cinco.
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