Política

Girão diz não à “super bancada” que deve surgir da fusão entre PSL e DEM

“Estão se intitulando como o maior partido, mas vai ser uma decepção muito grande. Eu saio”, diz o deputado General Girão

por: NOVO Notícias

Publicado 20 de setembro de 2021 às 15:30

Deputado General Girão

Deputado General Girão – Foto: Leandro Cezimbra

O clima conturbado em que está inserida a política brasileira tem um episódio intrigante que está prestes a se consolidar. A fusão entre o Democratas e o Partido Social Liberal, que atualmente contam com 28 e 53 representantes, respectivamente, na Câmara dos Deputados, está movimentando os bastidores políticos em Brasília e repercutindo nos quatro cantos do país, inclusive no Rio Grande do Norte.

A união que criará uma nova agremiação partidária no Brasil tem previsão para ser firmada já nesta terça-feira (21). O elo é visto com bons olhos pelas principais lideranças dos dois partidos. ACM Neto, presidente nacional do DEM, e Marcelo Bivar, presidente nacional do PSL, contam com essa parceria para formarem o maior partido político da atualidade no Brasil, com representação maciça, principalmente na Câmara, onde, na teoria, o novo partido deve se tornar o de maior representatividade – que já é o posto ocupado pelo PSL -, com 81 deputados. No Senado Federal a participação da nova sigla deve ser mais modesta, visto que o DEM conta hoje com seis parlamentares e o PSL tem apenas um senador.

Contudo, toda a expectativa pode não passar disso e ficar apenas no campo dos desejos dos que estão planejando a fusão entre os partidos. É o que acredita o deputado federal pelo PSL no Rio Grande do Norte, General Girão Monteiro. O militar da reserva não está feliz com os rumos que o seu partido está tomando, e, diferente do seu presidente nacional, Luciano Bivar, não faz boas apostas para a nova legenda.

“Eles estão se intitulando que vai ser o maior partido do Congresso, mas vai ser uma decepção muito grande. O PSL, de 53 deputados, se ficar com dez é muito”, diz Girão.

Dos 88 representantes no Congresso Nacional – 81 deputados e sete senadores – que têm PSL e DEM, o RN só conta com um nome, o de Girão Monteiro. No entanto, a insatisfação do parlamentar com a proposta de fusão, que ele não faz nenhuma questão de torná-la pública, já dá uma ideia de que a sua permanência na nova sigla está descartada. O deputado é enfático ao dizer: “Eu saio”.

Girão diz que para ele concordar com a fusão entre os partidos, seria preciso que a nova agremiação permanecesse em uma posição alinhada politicamente com o governo de Jair Bolsonaro.

“Eu concordaria desde que eles tivessem um viés conservador e fizessem parte da base de governabilidade da República hoje. Que, por acaso, está no nome do presidente Bolsonaro”, diz General Girão, que completa demonstrando incredulidade nessa hipótese: “O PSL está querendo caminhar com o DEM para ser oposição”.

O Democratas no Rio Grande do Norte, que há pouco tempo contava com uma representação de muito respeito em Brasília, liderada pelo ex-senador e ex-governador José Agripino, hoje está sem representatividade no Congresso, e encontra-se, provavelmente, no seu momento de maior fragilidade no RN.

Caso se consolide a fusão, o acordo colocará Agripino, e talvez até outros tradicionais filiados, como protagonistas novamente no jogo político potiguar. O ex-senador é apontado como o homem encarregado de conduzir o novo partido no Estado.

Nas eleições de 2020 o DEM elegeu 17 prefeitos no RN, e conta hoje com um deputado estadual. O portalegrense Getúlio Rêgo, que hoje está em seu nono mandato consecutivo na ALRN, deve manter a sua lealdade de décadas a José Agripino, de quem foi líder nos dois mandatos de governador, ainda nas décadas de 80 e 90.

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