Uma aluna do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Central, foi vítima de intolerância religiosa durante uma aula de educação física, segundo denúncia feita pela mãe
Publicado 24 de janeiro de 2025 às 11:46
Uma aluna do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Central, foi vítima de intolerância religiosa durante uma aula de educação física, segundo denúncia feita pela mãe.
A especialista em marketing Priscila Muller, em publicação nas redes sociais, relatou que, na última quarta-feira (22), a sua filha estava em período de preceito pós-obrigação religiosa, uma fase importante no desenvolvimento espiritual segundo o candomblé, religião de matriz africana que ambas professam. Priscila afirmou que o período foi documentado no sistema do IFRN por meio de um atestado, justificando a impossibilidade de a aluna participar da aula.
Ao explicar a situação ao professor, a aluna foi surpreendida com a alegação de que religião não seria motivo para a dispensa da aula, além de o docente afirmar desconhecer o que seria um preceito religioso.
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Vale lembrar que, desde 2019, a Lei 13.796, de 2019 assegura aos estudantes brasileiros o direito de faltar às aulas ou às provas por motivos religiosos ou de consciência.
A situação se tornou ainda mais grave quando, após a aula, o professor se dirigiu à aluna, que estava chorando, com as seguintes palavras: “Não sabia que tinha gente branca no candomblé”.
Para a mãe de Pietra, a fala do professor demonstra uma visão preconceituosa e intolerante, associando a religião da filha a um estado “anormal”. “Quando machucam minhas filhas, é meu coração que sangra”, desabafou.
A mãe de Pietra, após saber do ocorrido, foi imediatamente buscá-la na escola. A princípio, a filha resistiu à ideia de ir à delegacia por medo de represálias, mas decidiu registrar um boletim de ocorrência.
“Eu e minha filha somos mulheres brancas, e entendemos o lugar de privilégio que isso nos confere em uma sociedade tão marcada pelo racismo. Mas o racismo religioso é tão cruel que nem mesmo esse privilégio nos poupou”, declarou a mãe, ressaltando a necessidade de combater todas as formas de discriminação.
A direção-geral do Campus Natal-Central do IFRN informou que recebeu na quinta-feira (23), representantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileitos e Indígenas (Neabi); Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Diversidade (Negedi); Conselho de Políticas de Promoção da Igualdade Social (CONSEPPIR); Reitoria do IFRN e Ouvidoria dos Direitos Humanos da SEMJIDH – Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, para analisar a denúncia sobre intolerância religiosa.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte se pronunciou sobre o caso em nota publicada no perfil do Instagram. De acordo com o IFRN, a instituição está tomando as providências cabíveis para apurar a denúncia de episódio de intolerância religiosa que teria ocorrido em suas dependências. O Instituto também afirma que atos isolados não representam os seus valores.
Confira a nota:
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