Sala de aula em escola pública de Natal - Foto: Arquivo/NOVO

Política

Perigo Natal está entre as capitais com maior número de escolas em áreas de risco

Mais de 370 mil alunos em capitais brasileiras estudam em escolas localizadas em áreas que apresentam risco climático, revela estudo

por: NOVO Notícias

Publicado 16 de dezembro de 2024 às 13:09

Um estudo divulgado pelo Instituto Alana, em parceria com o MapBiomas e a Fiquem Sabendo, apontou que mais de 370 mil crianças em idade escolar frequentam escolas situadas em áreas de risco para desastres climáticos, como enchentes e deslizamentos. Em Natal, 13% das escolas – ou 49 das 365 unidades analisadas – estão em áreas vulneráveis, tornando a capital potiguar a quinta do país com maior proporção nesse cenário.

A pesquisa analisou 20.635 escolas públicas e privadas de educação infantil e ensino fundamental nas capitais brasileiras. Entre as principais descobertas, destaca-se que 4,86% dos estudantes dessa faixa etária, de um total de 7,6 milhões, enfrentam riscos relacionados a eventos climáticos extremos.

O levantamento revela como mudanças climáticas, combinadas com desigualdades socioeconômicas, agravam a situação de crianças em áreas vulneráveis. A exposição a eventos como deslizamentos e inundações pode resultar na perda de acesso à educação, aumento do abandono escolar, insegurança alimentar e limitações no desenvolvimento cognitivo e social.

Além disso, muitas escolas em áreas de risco também estão localizadas em regiões de “ilhas de calor” – locais onde as temperaturas são significativamente mais altas que a média urbana. Em Natal, 24% das escolas estão em áreas com temperaturas 3,57ºC acima da média, e 46% das unidades não possuem nenhuma área verde em seus terrenos.

A pesquisa aponta ainda desigualdades raciais no acesso a ambientes escolares mais seguros e saudáveis. Escolas com maioria de alunos negros estão mais expostas a áreas de risco (51,3%) e ilhas de calor (36,4%) em comparação às com maioria de alunos brancos, que registram 4,7% e 16,5%, respectivamente.

No Nordeste, sete capitais estão entre as 10 com maior proporção de escolas sem áreas verdes. Natal integra a lista ao lado de Salvador, Fortaleza, São Luís, Recife, Aracaju e Maceió. Apesar da relevância dos espaços verdes no desenvolvimento infantil – reduzindo estresse e incentivando atividades físicas –, a falta de parques ou praças no entorno de até 500 metros é mais evidente em comunidades empobrecidas.

Os pesquisadores destacam que integrar mais áreas verdes ao ambiente escolar ou promover atividades pedagógicas ao ar livre são formas de mitigar os efeitos negativos desse cenário. Atualmente, 77% das escolas sem áreas verdes possuem praças ou parques em suas proximidades, mas a desigualdade regional dificulta o acesso dessas estruturas para as crianças mais vulneráveis.

O estudo “Excluídos do Clima”, realizado em parceria com a Fundação Ford, pede urgência na elaboração de políticas públicas que combatam o racismo ambiental e promovam equidade no acesso à educação em ambientes seguros e sustentáveis.

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