Cais da Tavares de Lyra fica no bairro da Ribeira, an zona Leste de Natal. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

Cais da Tavares de Lyra fica no bairro da Ribeira, an zona Leste de Natal. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

Cultura

Patrimônio Cais da Tavares de Lira: entre o rio e a cidade, histórias e vidas

O cais, como o nome já diz, é localizado na Tavares de Lyra, que na primeira metade do século XX era porta de entrada da cidade de Natal com a chegada de barcos e navios

por: Alessandra Vieira, especial para o NOVO Notícias

Publicado 10 de dezembro de 2024 às 20:00

Como um espelho que reflete histórias e tradições, o rio abraça a cidade que o acolhe entoando uma sinfonia que embala o cotidiano de quem vive em suas margens. É que o homem e o rio dançam juntos em um ritmo ancestral onde cada passo da dança revisita memórias daqueles que encontram em suas águas mais que um recurso, uma fonte de identidade.

Assim é o Potengi. Em cada gota que corre por ele há um legado de interação humana. Taba dos índios Potiguares, indomáveis, guerreiros, comedores de camarão, nas palavras de Câmara Cascudo, o Rio Potengi é o mais importante corpo d’água do estado do Rio Grande do Norte. Suas águas, que fluem incansáveis, carregam não apenas peixes, entre outras espécies viventes na água doce, mas também as histórias e tradições da comunidade que se molda à sua volta.

Suas águas banham, entre tantos outros pontos, a histórica Ribeira, outrora um dos bairros mais importantes da cidade de Natal, marco cultural da capital potiguar, testemunha atual do descaso e abandono político e social. Contudo, essa história não é exatamente sobre o rio, nem a cidade que ele margeia, tampouco o bairro e seu glorioso passado já tão eternizado em verso e prosa.

Em um recorte geográfico, patrimonial, simbólico e afetivo da Ribeira, emerge o cais da Tavares de Lyra, atualmente palco diário de vida que pulsa alegre e vibrante nas veias de uma gente que trabalha, permanece, sofre, briga, sonha e sorri. Essa história é sobre essas pessoas comuns e suas existências também comuns que fazem do cais sua fonte de renda, lugar de trabalho, diversão e resistência.

Além das primeiras camadas

A história de um povo é também a história de um rio que o cerca e o Potengi tem muito o que contar sobre as vidas vividas pelas gentes da comunidade à sua sombra. No coração da Ribeira, o Cais Tavares de Lyra surge como um elo entre o passado e um presente ruidoso e esteticamente poluído. Contudo, um observador mais atento pode ouvir o murmúrio do rio misturado às risadas, à música, às conversas, ao barulho do motor das embarcações que o cortam.

O cais, como o nome já diz, é localizado na Tavares de Lyra, que na primeira metade do século XX era porta de entrada da cidade de Natal com a chegada de barcos e navios. Como todo o centro da Ribeira, a avenida já teve seu auge em um passado remoto, imortalizado em fotografias preto e branco e na memória de contadores de histórias.

“A Tavares de Lyra era a avenida das lojas de luxo, do único hotel de grande porte da cidade, da primeira agência do Banco do Brasil em Natal, do jornal A República (o mais importante durante anos), das livrarias – inclusive o primeiro sebo de Natal, pertencente a João Nicodemos de Lima, hoje patrono da coleção do Sebo Vermelho. Intelectuais, juristas, escritores, poetas, se encontravam nos cafés ou debaixo dos pés de fícus benjamina que circundavam a avenida. Todos conviviam com marinheiros, trabalhadores das firmas sediadas na Ribeira, funcionários da Great Western, das docas, do porto, fotógrafos lambe-lambe. Naquela época, era chique ser fotografado andando pela Tavares de Lyra”, descreve Anderson Tavares em trecho de matéria extraída do portal Tribuna do Norte. O historiador é trineto do governador que deu nome ao lugar em 1907.

Terminal pesqueiro e de passageiros, o cais também já foi utilizado por barcos para fazer a travessia ao bairro da Redinha antes da construção da Ponte Newton Navarro. Hoje, é preciso olhar além das primeiras camadas para enxergar a dinâmica poética estabelecida entre barcos que descarregam atum, comerciantes, vendedores ambulantes, clientes, visitantes, estivadores e pescadores que circulam por lá todos os dias.

Alexandre Magno da Silva, 54 anos, é o comerciante mais antigo do local, está lá há 53 anos. Foto: Alessandra Vieira/Cedida
Alexandre Magno da Silva, 54 anos, é o comerciante mais antigo do local, está lá há 53 anos. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

Rotina vivenciada por Alexandre Magno da Silva, 54 anos. Mais conhecido por Tita, é o comerciante mais antigo do local, está lá há 53 anos. Foi de sua mãe Maria Paula que ele herdou o ponto, uma das quatro barraquinhas de alimentos e bebidas construídas no espaço. “Minha mãe começou a me trazer quando eu tinha um ano e me colocava para dormir naquele cantinho ali”, aponta seu Tita para o fundo da barraca feita de madeira. “Ela não era assim, era toda de alvenaria”, lamenta.

Seu Tita acompanhou muitas mudanças no cais e viu quando ele deixou de ser ponto de embarque e desembarque de passageiros para se tornar lugar de descarga de peixes. Seu Tita é uma espécie de guardião do lugar, muito respeitado. Tímido e reservado, só aceitou dar entrevista na segunda visita da nossa equipe ao cais. Na verdade, no momento da nossa primeira investida, seu Tita pulou no Potengi em socorro a um homem que havia virado a canoa e, em pânico, não conseguia voltar para a embarcação. Foram momentos de tensão e todos no cais fixaram os olhos no rio zelando para o homem não se afogar. Ele não se afogou. “Já vi de tudo por aqui”, murmura o filho de Joaquim Ferreira da Silva, combatente da aeronáutica. “Toda a família do meu pai é de militares, agora a família da minha mãe é toda de sertanejos, de nordestinos da Paraíba”, conta com orgulho.

No espaço seu Tita vende salgados, cachorros-quentes, bolos, sucos, vitaminas, refrigerantes. “Não vendo refeições. É bom para quem tem uma pessoa, uma companheira para ajudar, mas eu estou sozinho”, argumenta o negociante, que só deixou de abrir o ponto uma única vez em todos esses anos. “Estou aqui das 7h às 17h, de segunda a segunda, não tenho folga. Só em uma ocasião eu não vim devido a uma dor no joelho, mas não foi nada, era só uma dor mesmo”, explica.

A banquinha de seu Tita (a esquerda na foto) é um dos quatro estabelecimentos de alimentos do cais. Foto: Alessandra Vieira/Cedida
A banquinha de seu Tita (a esquerda na foto) é um dos quatro estabelecimentos de alimentos do cais. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

Além de seu estabelecimento de lanches, seu Tita também comercializa peixes e para isso possui alguns freezers dispostos em frente à barraca. “Mas isso tudo aqui vai acabar com a reforma que vai acontecer. Vai ter mais melhoria aqui. Esse negócio de peixe aqui não vai mais existir. Aqui vai voltar a ser um cais só para passeio, para as pessoas irem a Redinha novamente, para elas irem olhar a paisagem. Vai ser tipo só um passeio, não só para nós brasileiros, mas para várias pessoas que virão também. Vai ser tudo arrumado e vai ficar tudo bonitinho. Vão construir pracinhas, vão fazer as cadeirinhas para sentar. Vai acabar tudo, mas por enquanto é assim”, alegra-se, provavelmente referindo-se ao projeto de revitalização do bairro da Ribeira chamado Reviva Ribeira.

O projeto, orçado em R$ 30 milhões, foi lançado em 2018 pela prefeitura da Cidade e previa que em dois anos, entre outras ações, o cais e outros bens locais como o Museu de Cultura Popular e a Fundação Capitania das Artes receberiam cara nova.

O Super-homem de Natal

Se você é potiguar, provavelmente já viu ou ouviu falar de Jack Will, 42 anos, mais conhecido pela alcunha de super-homem de Natal. Diz que trabalha há mais de duas décadas no cais e ganhou fama nas redes sociais por conseguir levantar atuns de grande porte e carregá-los do barco até a balança, onde são pesados e avaliados, e de lá até o caminhão da transportadora que levará os melhores peixes dessa espécie para fora do Rio Grande do Norte.

É que o Estado é um dos principais produtores e exportadores de atum do Brasil, com uma cadeia produtiva reconhecida nacionalmente, se destacando nesse mercado que movimenta a economia brasileira. Segundo dados do Observatório da Indústria Mais RN, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), entre janeiro e junho de 2024, o Estado exportou 456,651 toneladas de atum, gerando receita na ordem de US$ 4,615 milhões, cerca de 25% do total exportado no Brasil. De 2019 a 2024 (1º semestre), foram exportados 7,7 mil toneladas de atum, o equivalente a quase US$ 70 milhões, cerca de R$ 395 milhões na cotação atual. Mas esta é outra história…

Para nós, o principal interesse está no fato de que as maiores e mais pesadas espécies de atum, entre outras tantas de peixes pescadas na região, são transformadas em troféus nas mãos do estivador. “O primeiro peixe que peguei foi de 94 quilos e o maior até agora foi 120 quilos. Até hoje não apareceu ninguém aqui que conseguisse levantar um peixe mais pesado. Se aparecer, eu vou levantar um mais pesado ainda e todo mundo vai filmar, vai ver. Já recebi vários desafios de várias praias, de Areia Branca a Touros. As pessoas me mandam vídeos levantando o peso lá, trabalhando, descarregando embarcações, mas não chegaram a mandar um vídeo para mim levantando um peixe de 100 quilos, um peixe de 99. Então, aqui, que eu saiba, até hoje, em todo o RN, nesses 20 anos que eu trabalho aqui, eu acho que nessas praias eu que sou famoso em levantar esses peixes de 120, 115, 110, de 100, de 99, de 50 quilos para cima, é comigo!”, declara com orgulho o célebre estivador do cais.

Jack Will se identifica tanto com o Homem de Aço que até tatuou o símbolo do personagem no próprio peito. Foto: Alessandra Vieira/Cedida
Jack Will se identifica tanto com o Homem de Aço que até tatuou o símbolo do personagem no próprio peito. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

Jack Will se identifica tanto com o Homem de Aço que até tatuou o símbolo do personagem no próprio peito. “Eu era muito fã do desenho animado, dos filmes, então teve um dia que decidi fazer a tatuagem da série Smallville que era uma tatuagem americana. Como todas as tatuagens são invejáveis, todo mundo tem igual, então eu decidi fazer uma tatuagem do Super-Homem de Smallville que é uma tatuagem americana e não é invejável, nem todo mundo tem coragem de fazer. É uma tatuagem americana, então foi por isso que fiz”, explica defendendo sua lógica.

Além de carregar, descarregar e fazer vídeos para as redes sociais, Jack Will tem outras funções. “Boto gelo no barco, ajudo a botar o rancho, ajudo a botar o óleo, a água, o gás, todo o material de pesca, ajudo a fazer a baldeação, toda a limpeza da embarcação, eu ajudo. Aí, tipo assim, tem dia que eu recebo em dinheiro e quando eu não quero receber em dinheiro eu gosto de receber em peixe”, explica contando como conheceu o cais. “Eu trabalhava com reciclagem. Deus viu que para um homem trabalhador e raçudo que nem eu, a reciclagem era muito trabalho e pouco dinheiro. Então Deus me enviou para cá e depois que conheci a Ribeira tenho pouco trabalho, bastante sucesso e muito dinheiro. Eu só tenho que agradecer a Deus e a todas as pessoas que estão me seguindo e me curtindo e me dando várias oportunidades de crescer mais ainda. Essa é a minha história! Eu sou o Jack Will, mais conhecido como Super Homem de Natal”, brada o homem “vendendo seu peixe”.

E de onde vem a sua força, Jack? “A minha força, na realidade, vem do Senhor Jesus. Tô com 42 anos e ninguém até agora bateu a minha meta. Só Ele pode ultrapassar a minha meta. Enquanto isso, eu tô vivendo, tô criando”. É possível assistir a Jack Will no vídeo “Barco pesqueiro Dois Irmãos e Evilásio II descarregando o pescado”, disponível no YouTube ou segui-lo no Instagram pelo @superhomemdenatal11.

O cliente fiel e a cozinheira de mão cheia

Ângelo Bezerra é alagoano de Maceió e conhece Natal desde 1981 quando chegou por aqui através da Marinha. Militar aposentado, agora é marinheiro mercante e trabalha fazendo manutenção em navios de pesca “consertando rádios, radar, essas coisas”. De tempos em tempos retorna a Natal e sempre encontra uma brecha para ir aos cais da Tavares de Lyra.

Em Maceió, foi criado pelo pai, conhecido por todos como Paulo Mecânico. Cresceu no bairro histórico de Jaraguá, centro da capital alagoana, que muito se assemelha com a Ribeira. “Vivia nesse ambiente de pesca, junto a esse povo trabalhador, coisas assim, aquela agitação, a bebida, essa energia do povo, então quando eu venho para cá lembro-me de quando eu ia para o barco do meu pai – ele tinha barco também. A gente ia para o barco comer, beber, pulava no mar, comia o rancho que era a comida do meu pai. Então quando estou aqui eu volto ao passado, de outra forma, em outras condições, já com outra idade, mas isso aqui é maravilhoso! Isso aqui é uma energia muito grande, positiva e negativa, mas nós estamos para viver a vida! Isso aqui é a terra, a energia da Terra, do Planeta!”, emociona-se, enquanto saboreia um prato de peixe frito preparado pela Linda, proprietária de outra das quatro barraquinhas que comercializam alimentos no cais.

Lindemar Bezerra da Silva, a Linda, é cozinheira de mão cheia. Generosa e acolhedora, é bastante desconfiada no início, mas apenas no início. “Meus clientes eu coloco em baixo da minha asa”, diz com ares de matrona. No cardápio caseiro e afetuoso de Linda, toda sorte de produtos do mar e de preparos característicos da região. Da deliciosa carapeba frita em óleo bem quente até um bom prato de pirão de pescada. “Ninguém sai daqui com fome, faço até milagre se for preciso, mas o cliente só sai daqui satisfeito!”, afirma.

Linda prepara os pratos com os peixes que compra dos pescadores
Linda prepara os pratos com os peixes que compra dos pescadores. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

Histórias de pescador

Dizem por aí que histórias de pescador são exageradas e repletas de invencionices, mas será que é sempre assim? Thiago é um pescador jovem e havia desembarcado há pouco após 20 dias em alto mar. Quando não está pescando vende os produtos na banquinha improvisada em frente ao obelisco de granito talhado em 1913 para homenagear o ex-governador Augusto Tavares de Lyra. Entre o vai e vem de estivadores, freezers e caminhões das transportadoras de pescados, ele nos contou sobre sua grande paixão: a pesca.

Tudo começa com a fabricação do gelo que vai garantir a conservação dos pescados durante todo o tempo em que o barco estiver no mar. “Aí vai depender da metragem do barco. Um barco de 20, 22 metros suporta 50 toneladas, 40 toneladas de peixe, então dá para levar 50 toneladas, 60 toneladas de gelo”, explica mostrando a bomba de água responsável pelos 700 litros de água mineral que serão transformados em gelo, segundo ele.

Junto a Thiago, geralmente embarcam mais seis pessoas. “São sete ao todo, o mestre e mais seis homens pescando. O mestre é só para pilotar, para governar, para puxar a direção e nós aqui do outro lado. Daí é quando nós pegamos o voadorzinho vivo na teteia, no sarrico, uma espécie de gererezinho, depois é a vez de pescar o atum. Quando a gente vê tá tudo do lado aqui, você vê o atum grandão, aí é só rebolar e esperar ele comer a isca”, conta.

Quando Thiago não está pescando não está pescando vende os produtos na banquinha improvisada em frente ao obelisco de granito
Quando Thiago não está pescando não está pescando vende os produtos na banquinha improvisada em frente ao obelisco de granito. Foto: Alessandra Vieira/Cedida

É que para fisgar o atum é necessário seguir algumas etapas: primeiro é preciso pescar o peixe-voador (recebem esse nome por ter nadadeiras alongadas que funcionam como asas, permitindo-lhes saltar para fora da água e planar), são eles que vão “chamar” o atum. Os voadores são atraídos por luzes de LED e são pegos pelos pescadores através do sarrico (também conhecido como puçá, coador, gererê é uma armadilha de pesca feita com uma rede ou ensacador instalada em uma armação de arame). “Então vem todos os peixes. Peixe de 80, 90, 100 quilos. Peixe de 1 quilo, peixe de 2 quilos. Primeiro vem o Olho de fogo que é a comida do Bonito. Depois vem o Bonito, depois vem a Vapora, depois vem o Canela, depois vem os peixes grandes, de 40, 50, 60, 70 quilos, sem limite. É nessa hora que expulsam os pequenininhos e ficam só os grandões. Aí é a hora da nossa festa que é o que paga a despesa do barco. A despesa é cara, entre R$ 400 mil, R$ 500 mil”, avalia.

Sobre os perigos da vida a bordo. “São 30, 35 dias no mar e a pesca tem que ser boa. Se o barco der o prego, aí nós temos que voltar, mas enquanto não der o prego, nós só pescamos. Se acontecer algum acidente só contamos com a gente mesmo. Se machucar a mão a gente ferve água, mistura vinagre e lava a ferida para desinflamar. Um colega meu estava cirurgiado (sic) aí foi para o mar achando que tava de boa. Aí nós pegamos um mar livre e pescamos um peixe grande, grandão. Ele começou a forçar, começou a forçar, cirurgia recente… Voltou para casa quase sem vida”, lamentou enquanto arruma os peixes na banca. “Mas e você não vai levar nada não? Tá tudo em promoção, aproveita!”

O vendedor de bermudas que corta cabelos

“Cada homem comum tem a cidade que seus passos percorreram e que a imaginação inventou. Cada homem comum possui secretamente, na imensidão esmagadora da cidade, os nichos que acolhem suas lembranças: memórias do vivido, fragmentos da precária identidade que o homem urbano consegue constituir”, diz a psicanalista, jornalista e poetisa Maria Rita Kehl.

Tal concepção contribui para entender a arquitetura formada pelo olhar daqueles que experienciam o cais, agentes que conferem vida aquele lugar todos os dias. Pessoas como Gabriel que escolheu o cais como local de comércio. Ali ele vende bermudas masculinas bastante estampadas e coloridas estilo havaiana e também, no improviso, corta os cabelos da sua seleta clientela.

Entre eles, um homem portando uma tornozeleira eletrônica. “Atendo todo mundo que me procura”, afirma Gabriel enquanto passa a máquina no cabelo do rapaz que não quis dar entrevista nem permitiu ter o rosto fotografado.

Gabriel, seu Tita, Jack Will, Ângelo, Linda, Thiago. Vidas com toda a sorte de encontros e desencontros no cais que ajuda a mover a economia do Estado do Rio Grande do Norte e a do País. Histórias muitas vezes obscuras (parte dos personagens não quis dar informações mais pessoais como nome completo, idade ou foram evasivos nas respostas) no entanto, oferecem a sensação de permitir que se veja um pouco mais do que se passa do lado de dentro daquele espaço visualmente confuso, barulhento, transitório, vibrante e em até certo ponto marginalizado.

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