Em 2024, no segundo turno, a abstenção chegou a 150.064 eleitores, o que representou 26,07% do eleitorado. Na comparação entre os anos citados, o número de eleitores que se recusou a votar cresceu 9 pontos
Publicado 4 de novembro de 2024 às 16:30
Nos últimos 28 anos, a abstenção nas eleições municipais em Natal cresceu 149,9%. Em 1996, no primeiro turno, a abstenção foi de 60.039, o que representou 17,17% do total de eleitores. Naquele ano, o eleitorado era de 350.723 e os votos válidos somaram 257.727.
Em 2024, no segundo turno, a abstenção chegou a 150.064 eleitores, o que representou 26,07% do eleitorado. Na comparação entre os anos citados, o número de eleitores que se recusou a votar cresceu 9 pontos.
A eleição deste ano em Natal registrou a 8ª maior abstenção entre as capitais do Brasil, segundo levantamento da Folha de São Paulo que comparou os números dessas cidades. A maior foi em Porto Alegre (RS), superando os 30%.
Para dar uma ideia da relevância desses números, basta uma comparação simples. No primeiro turno, Paulinho Freire (União Brasil) teve 171.146 votos (44,08%) e Natália Bonavides (PT), 110.483 votos (28,45%).
No primeiro turno, a capital do RN registrou abstenção de 25,22%, o que equivale a 145.176 eleitores. Ou seja, se fosse um candidato, a abstenção teria ido ao segundo turno no lugar da candidata do PT.
No segundo turno, Paulinho Freire foi eleito com 222.661 votos (55,34%) e Natália Bonavides obteve 179.714 votos (44,66%). A candidata derrotada teve apenas 29,7 mil votos a mais que o total de pessoas que se recusaram a votar.
Este levantamento foi feito pelo NOVO Notícias com base nos números disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE) e considera as eleições de 1º e 2º turno desde 1996.
A abstenção em Natal este ano só ficou atrás do número registrado durante a pandemia de 2020, quando as eleições em outubro ocorreram sob regime de distanciamento social e todas as demais regras para evitar a proliferação da Covid.
Naquela época, o número de pessoas que não foi votar em Natal chegou a 157.972, o que equivale a 7.908 eleitores a mais que na eleição de 2024. Foi também em 2020 que o número de eleitores que se recusaram a votar deu um salto histórico.
Em todas as eleições anteriores, o número de abstenções jamais havia alcançado um crescimento acima de 20% de uma eleição para a outra ou ultrapassado a quantidade de 20 mil eleitores no total.
Em 2020, o número de eleitores ausentes foi 50,75% maior que na eleição anterior, em 2016. O crescimento nominal das ausências naquele ano foi de 53.179 eleitores. Antes disso, o maior crescimento das abstenções de um ano para o outro havia sido em 2004.
Naquele ano, foram 11.397 abstenções a mais que em 2000, o que representou um crescimento de 19,86% de uma eleição para a outra. O crescimento das abstenções em Natal não é um fenômeno isolado. O mesmo movimento vem acontecendo em todo o Brasil.
Curiosidades das eleições em Natal, de 1996 a 2024
- Entre 1996 e 2024, o eleitorado de Natal cresceu de 350.676 para 575.629 eleitores, um aumento de 224.953 pessoas, equivalente a 64,15%.
- A eleição de 2016 foi a que registrou maior quantitativo de votos nulos e brancos. Naquele ano foram 19.874 votos em branco e 53.989 votos nulos.
- O maior comparecimento da história das eleições em Natal foi registrado no 1º turno de 2024, com 430.453 eleitores. O eleitorado é de 575.629.
- Já a maior quantidade de votos válidos da história das eleições em Natal foi de 402.375, registrada no 2º turno deste ano.
Após as eleições do 2º turno deste ano, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, anunciou que promoveria uma investigação para tentar entender o que está levando ao crescimento das ausências nas eleições.
No primeiro turno, a taxa de abstenção no Brasil foi de 21,71%, considerada elevada em comparação com eleições anteriores. No segundo turno, esse índice subiu para 29,26%, o segundo maior já registrado, ficando atrás apenas das eleições de 2020.Cármen Lúcia anunciou que o TSE realizará uma pesquisa em colaboração com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
O objetivo é identificar os principais fatores que levaram ao não comparecimento dos eleitores e buscar soluções para reduzir a abstenção nas próximas eleições, previstas para 2026.
A pesquisa pretende analisar as particularidades de cada localidade para compreender melhor os motivos que levaram os eleitores a não votarem. Cármen Lúcia enfatizou a importância de apurar os dados em cada município e trabalhar com essas informações para aperfeiçoar o processo eleitoral e incentivar a participação dos cidadãos nas urnas.
De acordo com especialistas, o alto nível de abstenção pode ser atribuído a fatores como o desinteresse e descrença na política; fatores climáticos e logísticos; questões regionais específicas (eventos locais, como desastres naturais ou problemas de infraestrutura e falta de transporte) e fatores socioeconômicos (baixos níveis de escolaridade e renda).
*Para produção desta reportagem foram combinados conhecimentos em análise de dados e inteligência artificial.
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