A abstenção em Natal este ano só ficou atrás do número registrado durante a pandemia de 2020. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A abstenção em Natal este ano só ficou atrás do número registrado durante a pandemia de 2020. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Política

Dados Abstenção em Natal cresceu 150% em 28 anos, saltando de 60 mil para 150 mil ausências

Em 2024, no segundo turno, a abstenção chegou a 150.064 eleitores, o que representou 26,07% do eleitorado. Na comparação entre os anos citados, o número de eleitores que se recusou a votar cresceu 9 pontos

por: Everton Dantas, do NOVO Notícias

Publicado 4 de novembro de 2024 às 16:30

Nos últimos 28 anos, a abstenção nas eleições municipais em Natal cresceu 149,9%. Em 1996, no primeiro turno, a abstenção foi de 60.039, o que representou 17,17% do total de eleitores. Naquele ano, o eleitorado era de 350.723 e os votos válidos somaram 257.727.

Em 2024, no segundo turno, a abstenção chegou a 150.064 eleitores, o que representou 26,07% do eleitorado. Na comparação entre os anos citados, o número de eleitores que se recusou a votar cresceu 9 pontos.

A eleição deste ano em Natal registrou a 8ª maior abstenção entre as capitais do Brasil, segundo levantamento da Folha de São Paulo que comparou os números dessas cidades. A maior foi em Porto Alegre (RS), superando os 30%.

Para dar uma ideia da relevância desses números, basta uma comparação simples. No primeiro turno, Paulinho Freire (União Brasil) teve 171.146 votos (44,08%) e Natália Bonavides (PT), 110.483 votos (28,45%).

No primeiro turno, a capital do RN registrou abstenção de 25,22%, o que equivale a 145.176 eleitores. Ou seja, se fosse um candidato, a abstenção teria ido ao segundo turno no lugar da candidata do PT.

No segundo turno, Paulinho Freire foi eleito com 222.661 votos (55,34%) e Natália Bonavides obteve 179.714 votos (44,66%). A candidata derrotada teve apenas 29,7 mil votos a mais que o total de pessoas que se recusaram a votar.

Este levantamento foi feito pelo NOVO Notícias com base nos números disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE) e considera as eleições de 1º e 2º turno desde 1996.

A abstenção em Natal este ano só ficou atrás do número registrado durante a pandemia de 2020, quando as eleições em outubro ocorreram sob regime de distanciamento social e todas as demais regras para evitar a proliferação da Covid.

Naquela época, o número de pessoas que não foi votar em Natal chegou a 157.972, o que equivale a 7.908 eleitores a mais que na eleição de 2024. Foi também em 2020 que o número de eleitores que se recusaram a votar deu um salto histórico.

Em todas as eleições anteriores, o número de abstenções jamais havia alcançado um crescimento acima de 20% de uma eleição para a outra ou ultrapassado a quantidade de 20 mil eleitores no total.

Em 2020, o número de eleitores ausentes foi 50,75% maior que na eleição anterior, em 2016. O crescimento nominal das ausências naquele ano foi de 53.179 eleitores. Antes disso, o maior crescimento das abstenções de um ano para o outro havia sido em 2004.

Naquele ano, foram 11.397 abstenções a mais que em 2000, o que representou um crescimento de 19,86% de uma eleição para a outra. O crescimento das abstenções em Natal não é um fenômeno isolado. O mesmo movimento vem acontecendo em todo o Brasil.

Curiosidades das eleições em Natal, de 1996 a 2024

  • Entre 1996 e 2024, o eleitorado de Natal cresceu de 350.676 para 575.629 eleitores, um aumento de 224.953 pessoas, equivalente a 64,15%.
  • A eleição de 2016 foi a que registrou maior quantitativo de votos nulos e brancos. Naquele ano foram 19.874 votos em branco e 53.989 votos nulos.
  • O maior comparecimento da história das eleições em Natal foi registrado no 1º turno de 2024, com 430.453 eleitores. O eleitorado é de 575.629.
  • Já a maior quantidade de votos válidos da história das eleições em Natal foi de 402.375, registrada no 2º turno deste ano.

Pesquisa vai investigar motivo das abstenções

Após as eleições do 2º turno deste ano, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, anunciou que promoveria uma investigação para tentar entender o que está levando ao crescimento das ausências nas eleições.

No primeiro turno, a taxa de abstenção no Brasil foi de 21,71%, considerada elevada em comparação com eleições anteriores. No segundo turno, esse índice subiu para 29,26%, o segundo maior já registrado, ficando atrás apenas das eleições de 2020.Cármen Lúcia anunciou que o TSE realizará uma pesquisa em colaboração com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

O objetivo é identificar os principais fatores que levaram ao não comparecimento dos eleitores e buscar soluções para reduzir a abstenção nas próximas eleições, previstas para 2026.

A pesquisa pretende analisar as particularidades de cada localidade para compreender melhor os motivos que levaram os eleitores a não votarem. Cármen Lúcia enfatizou a importância de apurar os dados em cada município e trabalhar com essas informações para aperfeiçoar o processo eleitoral e incentivar a participação dos cidadãos nas urnas.

De acordo com especialistas, o alto nível de abstenção pode ser atribuído a fatores como o desinteresse e descrença na política; fatores climáticos e logísticos; questões regionais específicas (eventos locais, como desastres naturais ou problemas de infraestrutura e falta de transporte) e fatores socioeconômicos (baixos níveis de escolaridade e renda).

*Para produção desta reportagem foram combinados conhecimentos em análise de dados e inteligência artificial.
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