A pesquisa levanta a necessidade de políticas públicas de saúde que levem em conta essas variações, a fim de melhorar o diagnóstico e a eficácia dos tratamentos para uma das principais causas de incapacidade no mundo
Publicado 28 de outubro de 2024 às 18:30
Um estudo pioneiro realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sugere que as diferenças biológicas entre homens e mulheres podem ter um papel fundamental na manifestação e no tratamento do Transtorno Depressivo Maior (TDM).
A pesquisa levanta a necessidade de políticas públicas de saúde que levem em conta essas variações, a fim de melhorar o diagnóstico e a eficácia dos tratamentos para uma das principais causas de incapacidade no mundo, que afeta cerca de 300 milhões de pessoas globalmente.
Segundo Iara Souza, pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Bioinformática da UFRN, a literatura científica já aponta que as mulheres apresentam, em média, duas vezes mais risco de desenvolver o TDM ao longo da vida.
“O transtorno se manifesta de maneira diferente em homens e mulheres, sendo que as mulheres mostram maior vulnerabilidade em determinados períodos da vida”, afirma. A pesquisadora reforça a importância de serviços de saúde mental que contemplem essas particularidades biológicas, promovendo tratamentos mais personalizados e eficazes.
A pesquisa usou uma abordagem de bioinformática para identificar genes com alterações transcricionais em amostras de tecido cerebral de homens e mulheres diagnosticados com TDM. No total, foram analisadas 263 amostras, o que permitiu comparar expressões gênicas entre os sexos.
“Os perfis de expressão gênica são bastante distintos entre homens e mulheres, e essas mudanças são específicas para cada região do cérebro”, explica Iara Souza. O estudo apontou o córtex frontal como uma das áreas mais impactadas pelo transtorno, principalmente em mulheres.
Para realizar essa análise, os cientistas utilizaram dados públicos de sequenciamento de RNA, coletados de amostras de tecido cerebral post-mortem de pessoas diagnosticadas com TDM e de indivíduos saudáveis. As amostras passaram por um rigoroso processo de análise no Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD) da UFRN, que forneceu a infraestrutura tecnológica necessária.
Além de fornecer novos insights sobre o impacto das diferenças sexuais no TDM, o estudo abre caminho para futuras investigações em doenças neuropsiquiátricas. “Agora, o próximo passo é identificar variantes genéticas que aumentam o risco de desenvolver o transtorno e investigar as alterações transcricionais específicas para cada sexo em nível celular”, conclui Souza.
Essa descoberta destaca a importância de incluir os sexos como uma variável-chave no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para a depressão, buscando tratamentos mais precisos e adaptados às necessidades de cada indivíduo.
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