Na manhã desta quarta-feira (25), o ex-presidente Lula cumpriu o último compromisso de agenda em sua estadia em Natal. O petista chegou ao Rio Grande do Norte na noite da última segunda-feira (23) e hoje se reuniu com governadores do Nordeste que se encontram em Natal para reunião do Consórcio Nordeste, finalizando seus compromissos com uma entrevista coletiva realizada no Centro de Convenções de Natal.
Durante o bate papo com a imprensa, Lula falou de assuntos de interesse nacional e também local, com o assunto predominante sendo sempre política e eleições. O ex-presidente, que recentemente tem insistido no discurso de que ainda não decidiu sobre sua candidatura para voltar ao Planalto, resolveu falar como um propenso candidato e comentou sobre as características do vice que poderá compor chapa com ele. Relembrando seu parceiro de primeiro mandato, José Alencar, Lula disse que dificilmente encontrará uma pessoa com a qualidade dele para ser seu vice, e traçou um perfil mais próximo do ideal para suprir o espaço.
“Obviamente que eu quero uma pessoa que pense ideologicamente próxima daquilo que eu penso, que pense no povo da forma que eu penso, e uma pessoa que não pense em dar golpe. Uma pessoa que seja leal na nossa relação pessoal, porque é isso que me dará tranquilidade de dormir todo dia sem o medo de uma rasteira. Então o vice é algo difícil que eu vou escolher com carinho”, disse o ex-presidente.
Questionado sobre o diálogo com as Forças Armadas, e se ele teme não poder assumir o cargo caso seja eleito, Lula respondeu dizendo que “a instituição Forças Armadas é a única que tem definido o seu papel na Constituição da República”, enfatizando que tem muito respeito pelos militares, mas que eles não tem papel de político.
“Se alguém nas Forças Armadas quiser fazer política, ele pode. É só abandonar o papel que ele tem lá, se aposentar e então pode ser candidato a presidente, governador, deputado, senador ou o que quiser. Ninguém tá proibido. O que não pode é as Forças Armadas se meter em política“, disse Lula.
O discurso de pré-candidato se fortaleceu quando o petista resolveu falar sobre pesquisas eleitorais e a presença de Sérgio Moro, ex-juiz federal responsável pela condenação que o levou à prisão, nas previsões.
“Eu adoraria que o Moro fosse candidato. Adoraria que ele fosse participar de debates. Porque a sociedade iria perceber a pessoa medíocre que ele é. Não é apenas medíocre do ponto de vista cultural, é medíocre do ponto de vista humanista. É medíocre do ponto de vista do caráter. Eu adoraria, mas não sei se ele vai. Acho que ele não tem coragem“, disse o ex-presidente, criticando o ex-juiz e ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro.
Nos bastidores políticos do Rio Grande do Norte, tem sido levantada com frequência a possibilidade de uma aliança entre o PT de Fátima Bezerra e o MDB de Garibaldi Alves. Com uma relação abalada após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o acordo seria impensável há alguns anos, e hoje já começa a ser costurado, inclusive com a benção de Lula, que confirmou que jantou com o ex-senador Garibaldi Alves Filho e o deputado federal Walter Alves.
Lula não poupa elogios aos Alves, e relembra que foi durante o seu mandato que Garibaldi foi presidente do Senado, e durante o mandato de Dilma ele chegou ao cargo de ministro de Estado, trazendo à memória a boa relação e parceria recente entre PT e MDB, mesmo com o episódio ‘impeachment’.
“Nessa visita que faço ao RN, eu não posso pensar com o fígado. Preciso pensar de forma civilizada. Como é que a gente vai manter relações com todas as forças políticas se a não formos civilizados. Eu fui conversar com Garibaldi como uma pessoa civilizada, como um presidente da República que teve uma boa relação com ele, que tive apoio muito irrestrito do ‘PMDB’ durante os meus dois mandatos”, disse Lula relembrando os antigos laços entre PT e MDB, então PMDB.
Sobre a possibilidade do acordo ser fechado no Rio Grande do Norte, Lula disse que não vai se meter na questão que é local e deixou o comando dessa negociação com o diretório estadual do PT.
“Eu não posso definir o que vai acontecer nas eleições aqui. Eu quero deixar claro que as eleições aqui quem decide é o partido no Rio Grande do Norte. Não é o Lula, não é a direção nacional. A não ser que seja feito algo que fira o regimento interno do PT. Aí a nossa presidente – Gleisi Hoffmann – baixa o centralismo democrático e enquadra todos nós”, disse Lula sobre a proximidade do PT e o MDB no Estado.
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