Pneumonia, asma e bronquiolite são os principais casos. Foto: Reprodução/Internet.

Pneumonia, asma e bronquiolite são os principais casos. Foto: Reprodução/Internet.

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Saúde Natal registrou mais de 300 internações de crianças com doenças respiratórias nos últimos 60 dias

Especialista explica as causas dos problemas respiratórios infantis e alerta para os cuidados necessários. Pneumonia, asma e bronquiolite são os principais casos

por: NOVO Notícias

Publicado 2 de setembro de 2024 às 15:00

Entre junho e julho deste ano, as unidades da Rede de Urgência e Emergência (RUE) do Município de Natal registraram um alto número de internações infantis devido a doenças respiratórias. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), durante esse período de dois meses, aproximadamente 376 crianças foram admitidas com diagnósticos relacionados ao sistema respiratório.

De acordo com as informações fornecidas, o diagnóstico mais frequente entre essas internações foi pneumonia, seguido por condições como asma e bronquiolite. Além disso, alguns casos de pneumonia estavam associados a outros diagnósticos respiratórios, o que contribui para a gravidade dos quadros clínicos observados.

Em relação ao estado como um todo, dados recentes do Regula RN, plataforma que gerencia a regulação de leitos no estado, indicam que 39,47% das internações em leitos de enfermaria e 53,33% das internações em UTIs pediátricas são de casos classificados como “doenças do aparelho respiratório”.

Apesar do número alto, a Secretaria de Saúde Pública do RN (Sesap) afirmou que esse número teve uma queda significativa em comparação com o primeiro trimestre do ano, que é o período de alta das síndromes respiratórias, no qual esse número chegou a patamares de 70 a 80%.

Sobre as causas dessas doenças respiratórias infantis, a pediatra e infectologista, Silvia Fonseca, explica que as causas mais comuns dos problemas respiratórios em crianças são as infecções virais. A médica afirma que a maioria dessas infecções podem e devem ser evitadas com a aplicação de vacinas.
“As infecções respiratórias em crianças são graves e podem levar à internação. Felizmente, a maioria dessas infecções pode ser evitada com vacinas. No entanto, estamos vendo o retorno de algumas dessas doenças porque muitas pessoas não estão vacinando seus filhos”, explicou.

A pediatra afirma que o sistema imunológico de crianças e adultos é diferente em vários aspectos, especialmente na resposta às infecções respiratórias. “Um exemplo importante é o vírus sincicial respiratório (VSR), que ainda não tem vacina no calendário vacinal. Este vírus pode infectar pessoas de todas as idades, mas nos bebês pode causar uma doença grave chamada bronquiolite”, comentou.

Silvia, que também é epidemiologista, explicou que devido à imaturidade do sistema imunológico das crianças, elas são mais vulneráveis a infecções respiratórias graves, como as causadas pelo VSR. Ou seja, a resposta imunológica das crianças é menos eficiente na neutralização de patógenos, o que pode levar a complicações mais sérias e, em alguns casos, à necessidade de hospitalização.

A médica ressalta que o sistema imunológico das crianças ainda está em desenvolvimento e alguns pontos precisam ser levados em consideração nessa fase, como: leite materno, que oferece proteção contra infecções, vacinas, que ajudam o sistema de defesa a se aperfeiçoar, e infecções como sarampo, coqueluche, difteria, COVID-19, influenza (gripe) e vírus sincicial respiratório podem levar à internação e até à morte em crianças devido à imaturidade do seu sistema imunológico.

Quando se trata da qualidade de vida das crianças com essas infecções, a imunologista conta que pode afetar. “Essas doenças respiratórias podem impactar significativamente a qualidade de vida das crianças, como efeito podemos ter: desnutrição, atrapalhar crescimento, prejudicação da educação e socialização, além de que quando a criança é hospitalizada ela é submetida a soros e injeções, o que também pode afetar o seu emocional”, completou.

Aumento de incêndios afeta saúde respiratória

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte (CBMRN) divulgou nesta última semana um alerta para o aumento expressivo dos casos de incêndio em vegetação durante os meses de julho e agosto de 2024. Comparado ao mesmo período de 2023, houve um crescimento significativo de 109% no número de ocorrências atendidas, com julho registrando um aumento de 63% e agosto, 46%.

Em 2023, o total de atendimentos relacionados a incêndios em vegetação foi de 515. Em 2024, até o momento, foram registrados 507 atendimentos, representando uma leve diminuição de 2% no total do ano. No entanto, o aumento abrupto durante os últimos dois meses ressalta a necessidade de atenção por parte da população.

Um dos efeitos graves do incêndio é a emissão de fumaça, que pode interferir nas infecções respiratórias de várias maneiras. De acordo com a médica Silvia Fonseca, a fumaça atrapalha as defesas locais do trato respiratório contra bactérias e vírus, podendo causar bronquite e pneumonia.
Além disso, quando se trata da saúde infantil, a pediatra explica que ao inalar fumaça há um risco de desnutrição, o que pode atrapalhar o crescimento da criança.

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