Coletiva sobre a Operação Caronte - Foto: Renata Carvalho

Cotidiano

Segurança Grupo de extermínio preso na Operação Caronte é suspeito de 41 mortes, diz Polícia Civil

“Operação Caronte” resultou na prisão de sete pessoas e na apreensão de 20 quilos de cocaína na Grande Natal

por: NOVO Notícias

Publicado 16 de maio de 2024 às 13:56

Coletiva sobre a Operação Caronte – Foto: Renata Carvalho

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte apresentou na tarde desta quinta-feira (16) novos detalhes sobre a “Operação Caronte”, que resultou na prisão de sete pessoas e na apreensão de 20 quilos de cocaína na Grande Natal. A ação visou desarticular um grupo de extermínio responsável por pelo menos 41 homicídios.

Durante coletiva de imprensa, na sede da Polícia Civil, o delegado Cláudio Henrique, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), explicou como era o funcionamento do grupo criminoso, que era composto por três núcleos distintos.

O primeiro núcleo, denominado executores, era formado por indivíduos que capturavam ou executavam diretamente os alvos para roubar drogas. O segundo núcleo consistia nas fontes de informações, que identificavam os alvos, traficantes, e ocultavam as atividades criminosas das investigações policiais. O terceiro núcleo era formado por traficantes de armas e drogas, responsáveis pela distribuição dos materiais ilícitos fornecidos pela milícia.

“Hoje conseguimos prender sete elementos, sendo três do núcleo de execução. E conseguimos tirá-los de circulação”, disse o delegado.

A operação “Caronte” contou com a participação de policiais civis da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR), com o apoio da Polícia Federal, através da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO).

O grupo é suspeito de estar envolvido em aproximadamente 41 homicídios, além de extorsão, tráfico de drogas, e venda de munições e armas ilegais. Durante a operação, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão em bairros da zona Norte de Natal e no município de Extremoz.

Agora, o trabalho de investigação dos policiais envolvidos é relacionar a possível relação dos presos durante a Operação Caronte com outros grupos criminosos.

Início das investigações

De acordo com as investigações da Polícia Civil, foi notado ao longo do ano de 2023 uma série de coincidências quanto aos crimes de homicídios ocorridos na cidade de Natal, especialmente na Zona Norte, e em cidades da Região Metropolitana, como São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim e Extremoz. Os fatos coincidentes eram referentes à forma de execução dos crimes, veículos empregados, tipo de armamento usado e entre outras características.

Através do trabalho em conjunto com o Setor de Perícias de Balística Forense do Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP/RN), as suspeitas da existência de um grupo armado suspeito da prática de homicídios na região se confirmaram, quando sistematicamente os confrontos balísticos entre os crimes investigados trouxeram resultados positivos. Ainda segundo a DHPP, foram identificados 41 homicídios em um espaço de apenas seis meses. Os crimes foram praticados com as mesmas armas de fogo e aconteceram nas cidades de Natal, São Gonçalo do Amarante e Extremoz.

Partição de policiais

Com a possibilidade da existência de um “grupo de extermínio”, foi instaurado um Inquérito Policial para apurar os crimes. Com o auxílio da FICCO/RN, foi identificada a atuação de uma milícia armada, inclusive com a participação de membros das forças de Segurança Pública. Um policial militar foi preso na operação desta quinta-feira (16). A identificação dele não foi revelada pela Polícia Civil.

Segundo a investigação, os integrantes do grupo criminoso usavam uma rede de informantes, incluindo agentes de segurança para identificar os alvos, que eram escolhidos com base no retorno financeiro ou para manter o controle de uma certa região que interessava ao grupo. Escolhido o alvo, os integrantes do grupo buscavam seus aliados nas forças de segurança para afastar as viaturas da área e realizavam a ação criminosa.

Dessa forma, os suspeitos invadiam as residências dos alvos, muitas vezes identificando-se como policiais e passavam a revistar os imóveis subtraindo os itens de valor e depois executavam as vítimas. Após os homicídios, os investigados repassavam drogas e armas para o terceiro núcleo do grupo criminoso, que ficava responsável por vender as armas e as drogas.

Foi identificado no curso do Inquérito Policial que ao menos duas das armas vendidas pelo grupo foram apreendidas durante prática de crimes de roubo e homicídios por membros de uma facção criminosa. Além dos assassinatos, o grupo também praticava extorsão, subtraindo drogas de criminosos apenas para revendê-las, mantendo o controle do tráfico de drogas na região.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a Polícia Civil apreendeu um carro blindado, uma motocicleta de luxo, 20 quilos de cocaína, seis armas de fogo e diversas munições.

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