Cotidiano

Pedidos de pensão por morte crescem em meio à pandemia no RN

De acordo com o Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais do RN (IPERN) solicitações cresceram em torno de 70%, saltando de 43 pensões concedidas mensalmente para 74 este ano

por: NOVO Notícias

Publicado 31 de julho de 2021 às 00:02

Nereu Linhares confirma impacto na Previdência do RN – Foto: Reprodução

 

O Rio Grande do Norte ultrapassou a marca de sete mil vítimas da Covid-19. A quantidade de óbitos gerados pela pandemia trouxe um aumento em torno de 70% no número de requerimentos de pensão por morte. A informação é do presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais do RN (Ipern), Nereu Linhares, em entrevista exclusiva ao NOVO Notícias, no início desta semana.

De acordo com os dados do Instituo, em março de 2020, o Estado tinha uma média mensal de 43 pensões por morte concedidas. No mesmo período de 2021, o RN registra uma média de 74 concessões por óbito. Segundo Nereu Linhares, os números possuem relação direta com a quantidade de mortes em razão da pandemia.

“Com o aumento do número de mortes, ocorreu um impacto grande. O falecimento desses, se fossem de pessoas aposentadas, já estaria na folha, mas uma boa parte não foi de aposentados, foi de servidor ativo. Então, isso, também teve um incremento na folha”, disse Nereu Linhares.

Entretanto, o presidente do Ipern ressaltou que o crescimento dos pedidos é insuficiente para desequilibrar, a curto prazo, as receitas e despesas da Previdência.

“O equilíbrio financeiro da Previdência, independentemente dessa elevação de mortos, de pedido de aposentadoria, não é algo a curto prazo, nem a médio prazo, é a longo prazo. A Previdência, antes mesmo da pandemia, vinha sofrendo os impactos normais, com a expectativa de vida aumentando, e reduzindo o número de servidores ativos para contribuir”, concluiu Nereu.

O professor de economia da UFRN, Thales Penha, doutor em desenvolvimento econômico, ressalta que, em um curto espaço de tempo, os números podem gerar uma desorganização da estrutura de despesa do Estado.

“Os números complicam as contas públicas de forma geral, porque, como isso é um dispositivo de lei obrigatório do Estado, o Executivo é obrigado a destinar recursos para esses pagamentos. A curto prazo, pode ter um impacto considerável”, frisou o economista.

Prejuízo passa de 2 bilhões

Em 2020, o déficit da Previdência do Rio Grande do Norte apresentou um prejuízo de R$ 160 milhões por mês. Um total de R$ 2,08 bilhões ao ano. De acordo com o presidente do Ipern, o RN hoje tem mais inativos do que ativos, quando se junta aposentados e pensionistas. Além desse desequilíbrio entre as receitas mensais obtidas com a contribuição dos servidores do Estado e as despesas com aposentadorias e pensões dos servidores estaduais e seus dependentes, gestões anteriores colaboraram com a avaria.

“Nos últimos dois governos que passaram por aqui, houve uma destruição total da Previdência. Reservas financeiras que a gente tinha aqui, reserva de R$ 1 bilhão, foi embora. Os governos destruíram, tanto o governo Rosalba, quanto o governo Robinson, destruíram completamente isso”, completou Linhares.

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